As Muitas Histórias da Música Popular Brasileira - O Maxixe
Programa
"As Muitas Histórias da Música Popular brasileira" apresentando "O Maxixe". 1974 aprox.
Participação da cantora Eliete e da Banda da Polícia Militar de São Paulo
Produção e apresentação: Júlio Lerner
Participação especial: José Ramos Tinhorão
Entrevistado: Jota Efegê
Assist. de produção: Amancio Pereira Neto
Diretor de TV: Emilio Rodrigues
Som: J. Ferreira
Cenário: Ferrara
Luz: Nivassil Gomes e Newton Medeiros
Câmaras: Ferraz, Garcia e Américo
Vídeo: Ricardo Oelling
VT: Lima, César, Sidnei, Eugênio, Leonardo, Paulo, Fernando e Carlos
Assistente de estúdio: Roldão Gomes
TV Cultura
Maxixe, a Dança Perdida (Alex Viany)
Data e local de produção: Ano: 1980 / País: BR - Gênero: Documentário - Termos descritores: Música; Arte - Descritores secundários: Dança; Maxixe; Teatro; Carnaval - Produção: Companhia(s) produtora(s): SEAC/MEC; Embrafilme - Empresa Brasileira de Filmes S.A. - Direção: Viany, Alex - Fotografia: Direção de fotografia: Neves, David - Som: Som direto: Guilherme, Manoel - Montagem: Caldas, Manfredo
Sinopse: "No início, o maxixe era uma forma de dançar certas músicas européias, popularizadas no Brasil. Depois, adquiriu personalidade própria, impondo por 40 anos seu predomínio no teatro de revista, bailes e Carnaval. Ganhou fama e espalhou-se pelo mundo, nos pés de marinheiros, viajantes e dançarinos. No Brasil teve grandes adeptos, destacando-se Kito, sua parceira Jacira e Paulista. Na Europa, seu divulgador foi o mestre baiano Antonio Lopes de Amorim, o Duque, e suas parceiras Maria Lina e Gaby. Nos Estados Unidos, o maxixe sensibilizou a grande dupla de dançarinos Fred Astaire e Gingers Rogers. Ressaltando a presença do maxixe nos Estados Unidos e particularmente na carreira de Fred Astaire, o filme inclui trechos de 'CARIOCA', do longa-metragem americano 'VOANDO PARA O RIO', com música e coreografia inspiradas no maxixe. O samba de salão, música mais simples e mais fácil de dançar, fez o maxixe cair no esquecimento."
Curiosidades da trajetória histórica do Violão Clássico
Curiosidades da trajetória histórica do violão clássico no programa Pauta Musical. Informações sobre a evolução do instrumento, que compreende preconceito e superação. Nesta edição, repertório musical que vai do barroco ao moderno, na interpretação de John Williams e Julian Bream. Participação especial do jovem violonista Danilo Froes em entrevista especial.
Apresentação: Ana Lucia Andrade
Pauta Musical
Rádio Câmara
Bloco 2
Bloco 3
O Maxixe ( II )
Surgiu como dança em 1875, no Rio de Janeiro e só tempos depois viraria um ritmo. Acredita-se que o maxixe teria surgido com a decadência da polca nos salões com a chegada dos choros – e foi misturado a ele com base de flauta, violão e oficlide. Assim, a polca sendo transformada em maxixe, as pessoas dançavam lundu, enquanto outros cantavam e os conjuntos de choro acompanhavam. Esse fato o fez chegar rapidamente a todas as classes sociais do Rio de Janeiro.
A designação de "Maxixe" para a música e à dança surgida atestava o caráter popular ligado às classes mais baixas da sociedade carioca da época, uma vez que a palavra era usada para designar coisas de pouco valor.
Segundo uma versão de Villa-Lobos, o maxixe tomou esse nome de um indivíduo apelidado Maxixe que, num carnaval, na sociedade Estudantes de Heidelberg, dançou um lundu de uma maneira nova. Foi imitado e toda gente começou a dançar como o Maxixe.
Jota Efegê no seu maravilhoso livro Maxixe - a dança excomungada, editado em 1974 não corrobora esta versão. Mas também não consegue explicar a origem do nome. Em suas exaustivas pesquisas ele encontrou uma variedade grande de explicações que dão à origem do maxixe, até hoje, um certo ar de mistério.
A primeira apresentação de maxixe nos teatros cariocas ocorreu em 1883, quando o ator Francisco Correia Vasques apresentou o espetáculo "Aí, Caradura!", cuja maior atração eram os trechos cantados e dançados de maxixes. No final do século XIX começaram a aparecer as primeiras partituras com maxixes, as casas editoras (que editavam e publicavam as partituras) o reconheceram como gênero musical específico, e alguns compositores se destacaram na composição de maxixes, como Eduardo Souto, Sinhô, Sebastião Cirino, Romeu Silva, J. Bicudo e eventualmente, Chiquinha Gonzaga.
A primeira composição gravada como maxixe foi "Sempre contigo", lançada pela Banda da Casa Edson por volta de 1902, sendo de autor não registrado. Em 1904, fez sucesso o "Maxixe aristocrático", do maestro José Nunes, apresentado na revista "Cá e Lá", pela dupla Pepa Delgado e Marzullo. Enquanto dança, o maxixe era dançado com passos ousados e sensuais recebendo esses passos nomes como carrapeta, balão, parafuso, corta-capim ou saca-rolha.
A entrada do maxixe nos salões elegantes das principais capitais brasileiras foi terminantemente proibida até que, em 1914, Nair de Tefé, primeira dama do país, esposa do então presidente Hermes da Fonseca, iria escolher um maxixe, o "Gaúcho" ou "Corta-jaca", de Chiquinha Gonzaga, para ser executado ao violão, nos jardins do Palácio do Catete, para escândalo de todo o país. Em 1914 fez sucesso o maxixe "São Paulo futuro", de Marcelo Tupinambá e Dalton Vampré, gravado por Bahiano. Depois disso muitos maxixes surgiram para causar devaneios e rebuliços nos salões brasileiros.
A Noite do Corta Jaca
Um episódio bastante polêmico envolvendo o maxixe ficou conhecido como A Noite do Corta Jaca, envolvendo uma primeira-dama brasileira: Nair de Teffé, segunda esposa do Presidente da República, o Marechal Hermes da Fonseca, que governou o Brasil entre 1910 e 1914.
Nair de Teffé Von Hoonholtz (1886-1981), tinha seus 27 anos quando casou-se com o Marechal sexagenário. Dona de educação requintada, chegou a estudar em Paris, Marselha e Nice. Dentre seus dotes era excelente caricaturista (foi considerada a primeira mulher caricaturista do mundo - Publicou seu primeiro trabalho, A Artista Rejane, na revista "Fon-Fon", sob o pseudônimo de Rian [Nair de trás para frente]. Também publicaram suas caricaturas da elite, dentre outros, os periódicos O Binóculo, A Careta, O Ken, bem como os jornais Gazeta de Notícias e Gazeta de Petrópolis. Suas caricaturas saíram em revistas francesas como a Fantasie, Femina, Excelsior e Le Rire e ainda sabia tocar piano - o que era um avanço para a época.
Não por isso, a jovem primeira-dama começou a escandalizar mais a conservadora sociedade carioca quando passou a oferecer sarau nos salões do Palácio do Catete, dando oportunidade ao músico Catulo da Paixão Cearense de introduzir o violão, instrumento, até então, renegado nos salões da elite brasileira.
Apaixonada pela música popular se intrigou com um comentário de Catulo que dizia que nas recepções oficiais só se tocava música estrangeira. Assim, em 26 de outubro de 1914, aproveitando as solenidades de despedida da gestão do marido, abriu espaço, em um jantar oficial, para a música brasileira com direito a desempenho pessoal, e acompanhada de seu amigo Catulo, tocaram o maxixe "Corta-Jaca", escrito por Chiquinha Gonzaga e Machado Careca de 1895 – Chiquinha, aliás, era pessoa por quem a primeira dama nutria uma grande admiração.
A ocasião ficaria registrada na história, saindo notas de referência ao escândalo nos jornais cariocas, e passaria a ser conhecida como "A Noite do Corta-Jaca". Anos depois, Rian (Nair ao contrário) - pseudônimo utilizado pela polêmica Primeira-dama - declararia que a festa foi um sucesso e definiu o evento com o termo "Noite prafrentex" e que havia desafiado a sociedade que valorizava o erudito em favor do ritmo popular brasileiro.
Um fato que merece ser mencionado, é que a Europa já conhecia o maxixe, sobretudo a França, onde artistas brasileiros como o dançarino Duque, difundiu a dança de ritmo sensual que acabou incomodando até a alta cúpula da Igreja Católica que o considerava, em conjunto com o tango argentino, ofensivo à moral e, portanto, proibida a cristãos.
Daquele tempo são hilárias as quadrinhas popularizadas pelo espírito gozador do Carioca.
Se o santo Padre soubesse
O gosto que o tango tem,
Viria do Vaticano
Dançar o maxixe também.
O atrevimento da Primeira-Dama e os defensores do ritmo excomungado, gerou muitas críticas nos jornais e muros pichados com caricaturas de "Dudu da Urucubaca" - apelido conferido ao presidente, por ser considerado azarado e vítima de várias crises no seu governo, como a Revolta da Chibata. Mais quadrinhas surgiam aos montes satirizando e ridicularizando o velho presidente:
O Duduzinho
Da Urucubaca
É o homenzinho
Do Corta-jaca
Mulata de perna grossa
Cavaca no chão, cavaca
Quero ver para quantos vales
No jogo do Corta-jaca
Não uso arma nenhuma,
Nem bacamarte, nem faca!
Uso apenas o meu "pinho"
Pra tocar o "Corta-jaca"!...
Na quitanda tem legumes
No açougue carne de vaca
Na padaria tem roscas
No Catete "Corta-Jaca".
Até Rui Barbosa, senador da República por aqueles tempos, figura assídua nos cinemas para ouvir recitais de Ernesto Nazareth, indignou-se e proferiu um discurso inflamado, quase violento, no Senado Federal:
"[...] Uma das folhas de ontem estampou em fac-símile o programa da recepção presidencial em que diante do corpo diplomático, da mais fina sociedade do Rio de Janeiro, aqueles que deviam dar ao país o exemplo das maneiras mais distintas e dos costumes mais reservados elevaram o Corta-Jaca à altura de uma instituição social. Mas o Corta-Jaca de que eu ouvira falar há muito tempo, que vem a ser ele, Sr. Presidente? A mais baixa, a mais chula, a mais grosseira de todas as danças selvagens, a irmã gêmea do batuque, do cateretê e do samba. Mas nas recepções presidenciais o Corta-Jaca é executado com todas as honras da música de Wagner, e não se quer que a consciência deste país se revolte, que as nossas faces se enrubesçam e que a mocidade se ria?"
Sabidamente o que Rui Barbosa buscava no seu discurso preconceituoso, era desgastar, ainda mais, a imagem do presidente Hermes, que era seu opositor político e que o derrotara na última eleição presidencial, em um pleito cheio de fraudes e denúncias. Nair se vingaria publicando uma caricatura ridicularizando o nosso Águia de Haia, que foi retrucada por um Rui Barbosa irritado: "Certas mocinhas se divertem fazendo gracejos à custa de homens sérios como eu."
O Maxixe ( I )
A chegada do Maxixe
Submetidas desde a chegada a um processo de nacionalização, as danças importadas seriam fundidas por nossos músicos populares a formas narrativas de origem africana, conhecidas pelo nome genérico de batuque. Foi assim que, na década de 1870, nasceram o tango brasileiro, o maxixe e o choro, ao mesmo tempo em que se abrasileirava a técnica de violão, cavaquinho e o próprio piano.
O mais antigo tango brasileiro chama-se "Olhos matadores" do compositor, regente, trompetista e organista carioca Henrique Alves de Mesquita (1830-1906). Retornando de Paris ao Brasil em 1866, lutou para reafirmar o seu prestígio em nosso meio, criando o tango brasileiro (mistura de habanera e do tango espanhol com elementos de polca e do lundu). Mesquita era muito estimado pelos colegas, principalmente por Ernesto Nazareth. Os dois compositores teriam para sempre seus nomes ligados ao tango brasileiro. Mas Ernesto deu-lhe uma formulação rítmica bem brasileira, mais próxima do batuque e do lundu. (próximos da habanera e do tango espanhol).
A historiografia registra o lançamento do primeiro tango brasileiro como “Olhos Matadores”, de Henrique Alves de Mesquita, em 1871. Porém, o violonista Maurício Carrilho, tendo pesquisado e transcrito cerca de dez mil partituras de choros antigos, revelou para nós em entrevista filmada que não encontrou registro deste tango. Classificou então “Ali-Babá” do mesmo autor como o tango brasileiro. Além da polca e do lundu, há aqui neste gênero musical a influência da habanera cubana.
Descendo ainda do tronco habanera-tango espanhol, adaptado à "sincopação" afro-brasileiro e com o surgimento do tango argentino em 1870 (pouco depois do tango brasileiro), o maxixe entrou para a história como a primeira dança urbana brasileira.
Bem mais importante como dança do que como música, o maxixe começou a ser dançado ao ritmo de outros gêneros como a polca, o tango e principalmente a polca-lundu, o tango-lundu e o tango-batuque. Estava sendo aprontada pelos músicos populares que, para provocarem os passos lúbricos dos dançarinos, submetiam tangos, polcas e habaneras a uma intensa sincopação, que acabou por transformá-las em maxixe, gênero musical.
Muitos compositores da época ignoravam o termo MAXIXE, proveniente de uma gíria que significava ordinário, chimfrim, desprezível, preferindo chamar os seus maxixes de polcas-lundu, tangos-lundu ou simplesmente tangos.
Em 1883, no dia 17 de abril, o maxixe chegaria ao palco pela primeira vez, ao ser cantado e dançado no Teatro Santana pelo ator Vasques, numa cena cômica intitulada "O caradura". Então, a seguir e por cerca de quarenta anos, essa dança passou a fazer parte de tudo quanto era peça musical do teatro carioca, servindo mesmo de chamariz para o público.
Sem jamais ter sido aceito pela classe média, o maxixe desapareceu praticamente na década de 1930, Os motivos foram a chegada de novos ritmos americanos e o crescimento do samba. Depois de uma presença de quase meio século na vida musical do país, o maxixe canção não deixou um grande legado. Embora muitos tenham composto maxixes, não há a rigor especialistas a se destacaram no setor. As exceções que poderiam ser Chiquinha Gonzaga e Sinhô, tiveram a maioria de seus maxixes disfarçados em outros ritmos: em tangos, os de Chiquinha e em samba, os de Sinhô.
De qualquer maneira, incluindo-se algumas composições classificadas em outros gêneros, pode-se formar uma seleção de ótimos maxixes:
Corta-jaca (Chiquinha), Amapá (Chiquinha), Maxixe aristocrático (José Nunes), São Paulo futuro (Marcelo Tupinambá e Danton Vampré), Cigana do Catumbi (J. Rezende), Café com leite (Freire Júnior), Jura (Sinhô), Dorinha meu amor (José F. Freitas) e Gosto (Sinhô).
Música popular e o teatro da revista no século XIX
Na segunda metade do século XIX o teatro de revista da Praça Tiradentes, com suas cinco famosas casas, já atraiam todo um público flutuante de provincianos fascinados pelas novidades do Rio de Janeiro. A partir da primeira década do novo século os compositores populares procuravam incluir suas músicas em números de revistas, como primeiro passo para torná-las nacionalmente conhecidas. Os revistógrafos começaram a perceber também a oportunidade de aproveitar o agrado popular de determinadas músicas lançadas em disco. Resultando nas relações entre música popular e o teatro da revista. Essa estreita ligação deu origem a duas importantes consequênicas:
1 - conferiu uma característica brasileira ao gênero (o matuto, o coronel fazendeiro, o português, a mulata, o guarda, o capadócio, o funcionário público, o camelô, etc.)
2 - e fez essa pequena humanidade dançar e cantar durante meio século ao som das criações musicais e coreográficas das camadas do povo: o lundu, o maxixe e o samba.
Principais Compositores
Chiquinha Gonzaga Rio de Janeiro 17 de Outubro de 1847-28 de Fevereiro de 1935. Foi uma compositora profícua, escreveu muito, e por esta razão, muitos de seus trabalhos ainda não foram pormenorizadamente estudados e analisados. Assim, procurou-se delimitar estas duas correntes fundamentais da pesquisa: o estudo histórico-musicológico em torno da figura de Chiquinha Gonzaga e o estudo musical do gênero maxixe.
Sabia dar o exato valor ao ritmo e à melodia de suas composições, e assim traduzir verdadeiramente os anseios, os desejos do carioca. Era uma pessoa que se identificava com esta cultura, por fazer parte dela, sabendo transmitir através de sua obra toda esta manifestação; e foi através do maxixe que conseguiu esta identificação.
O primeiro compositor a esterilizar o maxixe foi o pianista Ernesto Nazareth, que se apresentava junto com Chiquinha Gonzaga. Ernesto era filho de uma família de classe baixa que morava no bairro da cidade e sua primeira obra foi a polca-lundu " Você bem sabe". Ernesto Nazareth nasceu em 20 de janeiro de 1863-1º de fevereiro de 1934.
Por volta do ano de 1915, Pixinguinha formou seu próprio conjunto, que foi denominado Grupo do Pixinguinha e que mais tarde se tornaria o prestigiado Conjunto Os Oito Batutas. Em 28 de janeiro de 1922, Os Oito Batutas embarcaram para Paris, custeados por Arnaldo Guinle, por sugestão do dançarino Duque, divulgador do maxixe no exterior. Embarcaram apenas sete batutas, razão pela qual foram anunciados como Os batutas, ou melhor, Les batutas. Eram eles: Pixinguinha, Donga, China, Nelson Alves, José Alves de Lima, José Monteiro, voz e ritmo, e Sizenando Santos, o Feniano, no pandeiro. Os dois últimos, faziam substituição a Raul e Jacó Palmieri. J. Thomaz, que não embarcou por motivo de doença, não teve substituto. Estrearam em meados de fevereiro no Dancing Sherazade. A temporada prevista para apenas um mês, prolongou-se até o final do mês de julho.
Grandes compositores de maxixe, como Ernesto Nazaré e Marcelo Tupinambá (tietê, 29 de maio de 1889- São Paulo, 4 de Julho de 1953), continuaram no século XX, no entanto, a chamarem suas composições de "tangos" ou "tanguinhos", talvez por temerem o preconceito.
Característica do Maxixe
Os registros históricos mostram que o Maxixe teve sua origem no Rio de Janeiro na década de 1870, mais ou menos quando o tango, (gênero musical de origem europeia e tocada nos salões da corte imperial e da alta classe média carioca, sempre ao piano), também dava os seus primeiros passos na Argentina e no Uruguai. Inicialmente como uma Dança e depois como um estilo musical a um ritmo 2/4 em alegreto substituindo o 3/4 típico das valsas. Notava-se também influências do Lundu, das polcas e das habaneras.
Hoje, o gênero musical chamado maxixe ou tango brasileiro é considerado um subgênero do choro. Porém, no fim do século XIX e começo do XX, a palavra "choro" designava não um gênero, mas certos conjuntos musicais (compostos de flauta, cavaquinho e violões) que animavam festas tocando polcas, lundus, habaneras e mazurcas e outros gêneros estrangeiros de uma maneira sincopada. O maxixe seria a primeira dança genuinamente nacional e que teria nascido a partir da fusão do tango e da habaneira com a rítmica da polca.
Na sua forma de música de dança passou a ser chamado de maxixe, que era alvo de fortes preconceitos das elites da época, porque o consideravam indecente, chegando mesmo a proibi-lo. Dava-se o nome de "Tango Brasileiro" para se esconder a relação com o maxixe dessas composições.
Na atualidade, o maxixe, enquanto dança, ainda existe nos passos do samba de gafieira, cuja música (que é um tipo de samba extremamente sincopado, por exemplo, o samba de breque e o samba-choro) também preserva muitas estruturas rítmicas do maxixe.
" Jura " composição de Sinhô gravada inicialmente em 1928 na odeom por Mário Reis, realmente apresentou uns dos maiores sucesso do autor, ao lado de "pé de anjo e gosto que me enrosco".
Uma lambada no decoro
O maxixe conquista teatros e salões de baile e se firma como a dança da moda
Pernas entrelaçadas e umbigos que saracoteavam em Lambadas recíprocas davam o tom da mais nova febre que assolava as sociedades carnavalescas e teatros da cidade: o maxixe. O balanço irresistível do maxixe, de tão variado, não podia ser classificado como um ritmo musical. O que caracteriza o maxixe era uma coreografia muito peculiar, provocante a ponto de roçar os limites do decoro, que vinha despertando celeuma na mesma medida em que a dança se firmava como o prato predileto nos salões de baile populares do Rio de Janeiro. Para se dançar maxixe, era necessário ter os pés praticamente plantados no chão - mexia-se pouco com eles - e responder aos apelos sincopados da música com acentuados requebros de cintura. Dançava-se maxixe com os corpos colados, e alguns cavalheiros tomavam a liberdade de pousar as mãos abaixo da cintura de suas parceiras durante os volteios. Com esses movimentos ousados, cabe perguntar se o ritmo da moda era uma dança saborosa e inovadora ou apenas uma indecência ao som de música sincopada.
A rainha do maxixe no Rio de Janeiro, a maestrina e compositora Francisca Edwiges Gonzaga, de 42 anos, conhecida como "Chiquinha Gonzaga", sabia muito bem o que significa o escândalo em torno do novo ritmo. Renomada professora de música e compositora no Rio de Janeiro, ela colocava no frontispício das partituras de seus maxixes a denominação "tango brasileiro". "Se eu colocar nas músicas o termo maxixe, elas não entram nas casas de família que têm piano", queixava-se a compositora. Foi ela também a responsável pela introdução do maxixe nos palcos dos teatros, a bordo da revista musical A Corte na Roça, de 1885 - primeira opereta com música escrita por uma mulher a ser encenada nos palcos brasileiros. O teatro que exibia a peça sofreu ameaça de interdição por parte da polícia, que queria cortar a cena final aquela em que um casal de capiaus aparecia maxixando com todos os requebros e trejeitos, num alucinante vai-e-vem de umbigos. "Na roça não se dança de maneira tão indecente", observou um crítico na época.
A polícia implicou com A Corte na Roça, na verdade, por motivos políticos. Chiquinha Gonzaga, que gosta de se ocupar de assuntos masculinos como a política, foi abolicionista e era republicana ferrenha. Na peça, ela incluiu os seguintes versos, cantados na voz de um caipira:
Já não há nenhum escravo
Na fazenda do sinhô
Todos são abolicionistas
Até mesmo o imperador
A polícia exigiu que se trocasse a palavra "imperador" por "doutor". Hoje, se Chiquinha decidisse remontar a peça, não teria quaisquer problemas com a polícia. E o sucesso estaria garantido - nos últimos tempos, as peças de maior público eram aquelas que incluem, entre suas atrações, números de maxixe.
Mesmo com toda a oposição dos defensores da moral, as sociedades carnavalescas nas quais se praticava o maxixe vinham sendo frequentadas, com cada vez mais intensidade, por rapazes da alta sociedade; e as partituras do ritmo, escondidas sob o pseudônimo de tangos brasileiros, penetravam furtivamente dentro dos lares, onde moças de família as executavam ao piano. Mistura da melodia expressiva do chorinho com a métrica sincopada e pulsante do lundu, o maxixe, ao lado das modinhas imperiais tinha tudo para se firmar como a moda musical do momento. A exemplo da modinha, a princípio considerada chula e lasciva, e que depois começou a ganhar aceitação nos círculos mais nobres da sociedade, o maxixe deu uma lambada em seus opositores e fez da polêmica que despertava mais um atrativo. A proibição redobrava o prazer de remexer a cintura e trocar confidências diretamente de umbigo a umbigo.
Ouvir Música: a evolução ao longo dos tempos!!!
Neste infográfico, ilustramos mais de 100 anos de história dos reprodutores
sonoros
“Sem música, a vida seria um erro”. Imortalizada
por um grande pensador alemão do século XIX, a frase resume bem a paixão do
homem pela primeira das artes. Ouvir música vai muito além de um simples hábito
corriqueiro e a maneira como as pessoas vêm ouvindo música mudou muito com o
passar dos tempos. Neste infográfico que preparamos para você, ilustramos mais
de 100 anos de história dos reprodutores de música que partem do clássico
cilindro fonográfico, passando pela era dos discos, fitas
cassete e CDs até os ultramodernos, compactos e práticos mp3 players. Curta e compartilhe com os seus amigos este
infográfico sobre a evolução da relação homem e música ao longo dos tempos.
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