1965 – (o país vive sob a presidência do general Castello Branco)
Com estréia no mês de setembro, o
cantor e compositor pop Roberto Carlos é o Rei da Juventude nacional na
liderança do movimento Jovem Guarda, apresentando um programa semanal homônimo
de televisão, na TV Record, na capital de São Paulo, ao lado de Erasmo Carlos,
Wanderléa e convidados como Eduardo Araujo, Martinha, Rosemary, Ronnie Von,
Antonio Marcos, Deny e Dino, Leno e Lilian, The Jordans, The Jet Blacks, Renato
e Seus Blue Caps, Golden Boys, Os Incríveis e outros. O programa de TV
terminaria em 1969. Enquanto gênero musical, a Jovem Guarda, que surge em 1963,
também ficou conhecida como yê-yê-yê – a versão brasileira do rock mundial. O
movimento foi responsável pela introdução da guitarra elétrica e instrumentos
eletrônicos na nascente Tropicália de Caetano Veloso e Gilberto Gil – que seria
uma das causas do fim da Jovem Guarda, suplantando-a em popularidade.
1965 – (extinção dos partidos políticos e instituição do bipartidarismo)
A grande era dos festivais. A
extinta TV Excelsior produz o primeiro Festival de Música popular Brasileira. Nos
dois anos seguintes, a TV Record realiza outros dois. Também os Festivais
Universitários de Música Popular Brasileira, da TV Tupi, do Rio de Janeiro. Da
soma deles, surgem nomes como Elis Regina (com "Arrastão", de Edu
Lobo e Vinícius de Moares), Edu Lobo (com "Ponteio", dele e de
Capinam), Caetano Veloso (com "Alegria, Alegria", dele mesmo),
Gilberto Gil (com "Domingo no Parque", dele mesmo), Gal Costa (com
"Divino Maravilhoso", de Caetano), Os Mutantes (com "Dois Mil e
Um", de Rita Lee e Tom Zé), Chico Buarque de Hollanda (com "A
Banda" e "Roda Viva", dele mesmo), Milton Nascimento (com
"Cidade Vazia", de Baden Powell e Lula Freire), Tom Zé (com "São
Paulo, Meu Amor", dele mesmo), Paulinho da Viola (com "Sinal
Fechado", dele mesmo), MPB-4 e outros. Com o crescimento e expansão da
televisão no Brasil, grandes ídolos da nova música popular brasileira se
afirmam. Depois de uma série, a TV Globo seria a última emissora a produzir os
últimos festivais no país – sendo o derradeiro, o VII Festival Internacional da
Canção, em setembro de 1972, com Maria Alcina cantando "Fio
Maravilha", de Jorge Ben.
1965 – (época dos partidos políticos Arena e MDB)
Com a repressão e censura
instauradas pelo regime militar, configura-se o espírito para o surgimento das
músicas de protesto, posteriormente nos festivais, sendo Chico Buarque de
Hollanda o compositor mais importante e representativo desse tipo particular de
expressão musical, com "Apesar de Você" (1970),
"Construção" (1971), "Deus Lhe Pague" (1971). Outro a se
ressaltar é o compositor e cantor Sérgio Ricardo, que, inclusive, em 1967,
tomou parte no Festival da Canção de Protesto, realizado na Bulgária, onde suas
músicas foram interpretadas por Geraldo Vandré. Por sua vez, Vandré atingiu o
ponto máximo de sua carreira de cantor e compositor com a então clássica e
polêmica canção "Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores", ou
"Caminhando" (1968), defendida no III Festival Internacional da
Canção, e que se tornou uma espécie de hino estudantil na época.
1965 – (o Congresso Nacional pode 'eleger' presidente e vice-presidente)
Dezembro, sob violentos
protestos, o visionário maestro Diogo Pacheco abre definitivamente as portas do
Teatro Municipal de São Paulo para a MPB com o espetáculo 'Vinícius, Poesia e
Canção', com a participação do próprio Vinícius de Moraes, Edu Lobo, Baden
Powell, Carlos Lyra, Ciro Monteiro, Pixinguinha e Francis Hime.
1965 – (época da União Democrática Nacional, UDN, e Partido Social Democrático, PSD)
O cantor e compositor carioca
Jorge Ben (atualmente, Jorge Ben Jor) atinge grande sucesso nos Estados Unidos.
Ele é convidado pelo Ministério das Relações Exteriores a se apresentar nos
Estados Unidos, durante três meses, em clubes e universidades. Lançadas por
Sérgio Mendes, as músicas "Mas Que Nada" e "Chove Chuva"
chegam às paradas de sucesso americanas. Em seguida, suas músicas "Nena
Naná" e "Zazueira" são gravadas por Jose Feliciano e Herp
Albert, respectivamente – enquanto, no Brasil, sua carreira enfrentava certas
dificuldades. Em 1970, no Midem, em Cannes, Jorge Ben Jor seria muito aplaudido
por sua música "Domingas". Em 1972, realizaria temporadas em
Portugal, Itália e Japão, onde gravaria um disco ao vivo. Em 1975, realizaria
uma única apresentação no Teatro Sistina, em Roma, Itália, transmitida ao vivo
pela televisão italiana. Ainda nos anos 80, se tornaria muito popular no
exterior.
1967 – (o general gaúcho Costa e Silva assume a presidência do país)
Tom Jobim grava com Frank Sinatra
o álbum americano 'Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim', em que
Sinatra interpreta alguns dos maiores sucessos da bossa nova de autoria de
Jobim. O disco é um dos grandes marcos na história da bossa nova e da música
popular brasileira. Detalhe: por ciúmes, Sinatra não permitiu que Tom Jobim
tocasse piano por ser então o instrumento que mais prestígio dava aos músicos
norte-americanos – por isso, Tom tocou violão, seu segundo instrumento.
1968 – (início da guerrilha urbana no país)
Após a bossa nova, vários músicos
brasileiros incorporam o jazz em suas músicas. Buscando um formato brasileiro
estão o saxofonista Paulo Moura, a pianista Eliane Elias, a cantora Flora
Purim, Airto Moreira, Leo Gandelman, César Camargo Mariano, Victor Assis Brasil
(1945-1981) – um dos maiores saxofonistas de jazz do país –, Egberto Gismonti,
Naná Vasconcelos, Hermeto Pascoal, André Geraissati, Zimbo Trio e outros. A
dificuldade em se situar a atuação do jazz no Brasil está no fato dele aparecer
diluído no conceito abrangente de música instrumental.
1968 – (em 13 de dezembro, o Ato Institucional no.5 (AI-5) fecha o Congresso)
Com o lançamento do disco
'Tropicália – Panis Et Circenses', com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa,
Nara Leão, Os Mutantes e o maestro Rogério Duprat, o tropicalismo é
oficialmente reconhecido como manifesto e nova proposta musical, inspirado na
tese antropofágica da Semana de Arte Moderna de 22, possibilitando o
desdobramento do movimento em trabalhos individuais de seus principais
protagonistas em releituras e novas perspectivas para a música brasileira.
Participaram do movimento, Tom
Zé, os letristas Torquato Neto e Capinam, os maestros arranjadores Júlio
Medaglia e Damiano Cozzela. Pela defesa da música brasileira, o tropicalismo
incorporou, com muita polêmica, o uso da guitarra elétrica, de gêneros como o bolero,
o carnaval, as músicas de raiz e elementos do rock. O nome Tropicália foi
extraído por Caetano de uma instalação do artista plástico Hélio Oiticica.