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A Evolução da Música Brasileira - ( VI )

1968 – (os militares aumentam as ações repressivas no país)


Em São Paulo, institucionaliza-se oficialmente os desfiles das escolas de samba.

1970-75 – (época do governo do General Ernesto Geisel)



Passado o fenômeno do rock'n'roll dos anos 60, e graças à bossa nova, jovem guarda e tropicália, estabelecem-se os grandes nomes de uma chamada MPB mais moderna com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Gal Costa, Maria Bethânia, Vinícius de Moraes, Toquinho, Elis Regina, Milton Nascimento e outros. A maior parte deste segmento permanece em evidência.

1970 – (uma junta militar comanda o país)



No começo dos anos 70, surge também uma importante geração intermediária de novos nomes da MPB que continuariam a fazer trabalhos de renovação da música popular brasileira durante o começo do século XXI, tais como Djavan, Fafá de Belém, Fagner, Belchior, Alceu Valença, Zé Ramalho, Morais Moreira, Baby Consuelo (atual Baby do Brasil), Pepeu Gomes, Elba Ramalho, e outros.

1970 – (época do período mais brutal da ditadura militar)



O início da década marca o amadurecimento da carreira da cantora gaúcha Elis Regina (1945-1982) – uma das maiores intérpretes brasileiras de todas as épocas. Depois de uma bem-sucedida apresentação na América Latina e Europa, Elis grava e passa a lançar uma série de músicas de grandes compositores-cantores até então desconhecidos, revelando-os nacionalmente, como Ivan Lins (com "Madalena", em 1970); João Bosco e Aldir Blanco (com "O Caçador de Esmeraldas" [1973], "Mestre-salas dos Mares" e "Dois Pra Lá, Dois Pra Cá" [1974]); Belchior, no show Falso Brilhante, de 1975, (com "Como Nossos Pais" e "Velha Roupa Colorida"); e Renato Teixeira (com "Romaria", em 1977).

1970 – (censura à imprensa, combate aos movimentos estudantis e sindicalistas)



No começo da década, surge no Rio de Janeiro um fenômeno que se caracterizaria como tipicamente carioca – os bailes funk. Os primeiros bailes aconteciam no Canecão, na Zona Sul, sempre aos domingos. Os "bailes da pesada", como eram conhecidos, foram espalhando-se para os clubes do subúrbio. Ouve-se James Brown ("Sex Machine", "Get On The Good Food", "Soul Power"), Kool and The Gang, Wilson Pickett e outros. Com a proliferação de uma multidão de dançarinos populares adeptos do movimento, trajados com roupas black de ocasião, cabelos afro, sapatos plataforma coloridos, surgiram as equipes como Soul Grand Prix, Black Power, Dynamic Soul, Furacão 2000, União Black. Surgem importantes nomes da funk music carioca como Gerson King Combo, Tony Tornado, Tim Maia, Sandra Sá, Cassiano, Robson Jorge, Rosa Maria e outros. O movimento espalha-se pelo país, com a Chic Show, em São Paulo; a Black Porto (RS) e a Black Uaí!, em Belo Horizonte. Mesmo à revelia da imprensa, os bailes funk do subúrbios cariocas entrariam em 2000 muito populares, mas já com grande influência da música e roupas hip-hop. Os cariocas proporcionam o funk melody, com batida mais rápida e semelhante ao rap; e o charme, um funk pós-disco mais sofisticado que a assim chamada 'estética do barulho' presente no hip-hop (rap).

1971 – (o 'milagre econômico' endossa o endurecimento militar e político)



A hora e a vez dos mineiros. Com a música "Clube da Esquina", de autoria de Milton Nascimento com Lô Borges e Márcio Borges, inaugura-se o movimento de uma nova música mineira que revigoraria a canção popular brasileira do começo da década. Em torno de Milton Nascimento, e a partir de sua proposta, em 1972, ele lutaria por lançar um álbum duplo com praticamente todos os seus amigos e parceiros mineiros, incluindo o seu maior companheiro musical, o letrista Fernando Brant. Assim é lançado o álbum Clube da Esquina 2 – o nome já deixa bem claro a proposta fechada do grupo e de como eles se consideravam. Com o enorme sucesso de vendas do disco, Milton Nascimento torna-se definitivamente um êxito comercial e todos os seus amigos mineiros também. Dentre o seleto grupo citamos Lô Borges, Tavinho Moura, Márcio Borges, Wagner Tiso (e seu grupo Som Imaginário), Ronaldo Bastos e Beto Guedes. Cada um, individualmente, atingiria carreira de sucesso com discos e shows dentro e fora do Brasil. A música mineira é a grande sensação do momento.

1972 – (época dos centros de tortura ligados ao DOI-Codi)



Nos primeiros anos da década, acontece um surto de uma produção musical popular de cunho nacionalista, de exaltação das belezas naturais do país e da idéia básica de que "Deus é brasileiro" – muito ao gosto do ainda período militar –, numa tentativa quase ufanista de direita representada principalmente pela dupla Dom & Ravel com a música "Só O Amor Constrói", de 1971, e outro grande sucesso que Dom (Domingos Leoni) compôs (em 1970) para o então popular grupo de rock Os Incríveis – "Eu Te Amo Meu Brasil". Aproveitando a grande repercussão desses tipos de canções, Os Incríveis ainda gravariam (em 1971) um compacto simples com o "Hino Nacional" (Música de Francisco Manoel da Silva e letra de Osório Duque Estrada, adaptação vocal de Alberto Nepomuceno) e o "Hino da Independência do Brasil" (música de Dom Pedro I e letra de Evaristo Ferreira da Veiga).

1973 – (época de projetos faraônicos como a inútil rodovia Transamazônica)



É o apogeu da carreira de Raul Seixas (1945-1989) – o maior roqueiro da história da música pop brasileira. Tendo começado  profissionalmente dois anos antes, foi somente em 1973 que ele consegue o seu primeiro grande sucesso com "Ouro de Tolo", incluída em seu primeiro LP solo Krig-há, Bandolo!. No mesmo ano, viriam outros hits como "Metamorfose Ambulante", "Mosca na Sopa", e "Al Capone" (com Paulo Coelho). Sua carreira se consolidaria com os três álbuns – Gitá (1974), Novo Aeon (1975) e Há Dez Mil Anos Atrás (1976). Outros grandes sucessos de Raul Seixas são: "Como Vovó Já Dizia" (com Paulo Coelho, em 1975), "Rock das Aranha" (em 1980) e "Cowboy Fora da Lei" (em 1987). Desfrutando de um dos maiores públicos da história da música popular brasileira, Raul foi o primeiro artista nacional a ter um disco organizado e lançado por um fã-clube, a coletânea de gravações raras 'Let Me Sing My Rock-and-roll', de 1985. Com o passar dos anos, sua importância e influência na música brasileira só se fariam aumentar.

1974 – (depois de Emílio Garrastazu Medici, o general Ernesto Geisel assume a presidência da república)



Época áurea de uma nova geração de grupos de rock brasileiros de variadas tendências como O Terço, de influências do rock progressivo com o guitarrista Sérgio Hinds como seu líder – que desembocaria no 14 Bis; do Joelho de Porco, com o seu som pré-punk anarquista cômico formado pelo popular baixista Tico Terpins; o Moto Perpétuo, formado pelo cantor e compositor Guilherme Arantes; o Casa das Máquinas, formado por Netinho, ex-Incríveis, o Som Nosso de Cada Dia; e o lendário Made In Brasil, formado por Oswaldo Vecchione e seu irmão Celso Vecchione, talvez o mais popular e roqueiro da época, dentre outros mais. Destaque para os Secos & Molhados (com Ney Matogrosso), o mais criativo grupo da década a misturar pop-rock com música brasileira, portuguesa e outras influências – sua curta duração (1971-74) atingiu grande sucesso nacional.

1975 – (o jornalista Vladimir Herzog é assassinado numa cela do DOI-Codi)



A década também foi marcada por uma curiosa produção de música tipicamente norte-americana (no Brasil!) produzida por músicos brasileiros que adotaram nomes americanizados. Desde o grupo paulistano Pholhas (da Móoca) que cantava em inglês e português, ao grupo Light Reflections com o grande sucesso "Tell Me Once Again", que depois viraria comicamente "Telma Eu Não Sou Gay", com Ney Matogrosso; Tony Stevens (o Jessé) com os sucessos "Flying" e "If I Could Remember"; Christian (da dupla sertaneja Christian & Ralf) com o hit "Don't Say Goodbye"; o próprio Ralf, da mesma dupla, com o nome de Dom Elliot; Paul Bryan (Sérgio Sá) com "Listen"; a banda Lee Jackson, com "Hey Girl", grupo formado por músicos que hoje ocupam lugares de direção executiva em algumas grandes gravadoras no Brasil; o grupo Sunday, de Hélio Eduardo Costa Manso, com "I'm Gonna Get Married"; Fábio Jr., que adotou dois nomes americanos, Mark Davies e, depois, Uncle Jack, cantando "Don't Let Me Cry"; o grupo feminino Harmonie Cats, e até a cantora dançarina Gretchen, que começou cantando em inglês.

1975 – (a classe média e a igreja se insurgem contra a ditadura militar)



Paulinho da Viola, um dos maiores novos sambistas da época, e um dos poucos e mais importantes defensores do já esquecido choro, participa – junto com outros compositores e críticos – da criação do Clube do Choro, no Rio de Janeiro.

1980-87 – (início da época da presidência do general carioca João Baptista de Oliveira Figueiredo)



 Em busca de novas alternativas musicais como resposta à já institucionalizada MPB, parte da elite da juventude brasileira de classe média provoca uma nova onda de rock e pop apoiada no movimento pós-punk new wave, que domina totalmente o cenário musical nacional com um forte movimento underground central deflagrado a partir de São Paulo. Os pioneiros paulistanos desse importante movimento de negação pura da tradicional música popular brasileira foram Júlio Barroso e sua Gang 90, a primeira banda new wave brasileira Agentss, Verminose (de Kid Vinil) e Azul 29. Daí, surgem Titãs, Paralamas do Sucesso, Legião Urbana (Renato Russo), Barão Vermelho (Cazuza e Frejat), RPM (Paulo Ricardo), Ultraje a Rigor, Kid Abelha, Engenheiros do Hawaii, Lobão, Biquini Cavadão, Ratos de Porão (João Gordo), Inocentes e outros. A proposta do movimento se esgotaria coincidindo com a projeção internacional da banda brasileira de hardcore Sepultura.

1980 – (o crescimento da oposição acelera a abertura política)



Apesar do blues sempre ter sido muito mais absorvido pelos músicos brasileiros diretamente através do rhythm'n'blues pelas bandas de rock dos anos 60, o Brasil nunca se caracterizou por um forte cenário ou movimento de blues, apesar de ter um bom público consumidor. Dos anos 80 até 99, podemos destacar os maiores nomes do blues como Nuno Mindelis, André Christovam, Celso Blues Boy, e as bandas Blues Etílicos e Big Allambik.

1984-90 – (cresce o movimento pelas eleições diretas para Presidência da República, em 84)



Antecedendo o surgimento da axé music, a lambada baiana torna-se um dos mais populares estilos de dança brasileira atual a misturar samba, maxixe e dança erótica. O maior sucesso é do grupo Kaoma com "Lambada", uma versão do tema latino "Llorando Se Fue", do grupo Los Kjarkas. Por falta de substância musical e limitação coreográfica, o gênero tem breve período, mas provoca uma onda de escolas temporárias da dança por todo o país. O sucesso internacional, quase que exclusivamente na Europa, é quase maior do que o atingido no próprio Brasil devido ao seu apelo exótico tipo-exportação. Tanto assim que dois filmes norte-americanos foram realizados, em 1990, mas muito mal recebidos pela crítica internacional – foram eles "A Dança Proibida" (The Forbidden Dance, de Greydon Clark) e "Lambada", de Joel Silberg.

1984 – (grandes comícios em todo o país pelas 'Diretas Já')



No Rio de Janeiro, aposentando definitivamente a tradicional Av. Presidente Vargas como passarela dos desfiles das escolas de samba, é inaugurada a Passarela do Samba, na Av. Marques de Sapucaí, o Sambódromo carioca, pelo projeto do arquiteto Oscar Niemeyer.

1985 – (Tancredo Neves é eleito presidente da República pelo Colégio Eleitoral)



Ainda no bojo da grande década do rock brasileiro, na segunda metade desse período, surge na capital de São Paulo, e pela primeira vez em toda América Latina, a grande novidade norte-americana do movimento hip hop com o rap, grafite e a breakdance, inicialmente comandada pelo pioneiro rapper brasileiro Thaide, seu parceiro DJ Hum e o DJ simpatizante Theo Werneck. A partir daí, com a aceitação gradual do novo movimento pela mídia, o hip hop cresceria firmemente em importância e novos nomes, atingindo um de seus apogeus nos anos 90.

1985 – (com a morte de Tancredo Neves, José Sarney assume a presidência)



A música "Fricote", do baiano Luiz Caldas, inaugura oficialmente o movimento axé music. O primeiro sucesso vem com "Eu Sou Negão", de Jerônimo, em 1986. Mas o primeiro fenômeno de vendas, que lança nacionalmente a axé music, acontece com o bloco afro-baiano Reflexu's, em 1987, com a música "Madagascar Olodum", que vendeu 750.000 cópias. A axé music é caracterizada pelo forte uso da percussão baiana como o repique, timbau e surdos. Em geral, as letras falam da sensualidade do corpo, do requebrar dos quadris e de danças, cheias de ironia e segundo sentido. O novo gênero viveria o seu apogeu até a segunda metade dos anos 90, quando começaria o seu declínio natural de acomodação. Os principais nomes são Asa de Águia, Chiclete com Banana, Daniela Mercury, Banda Eva, É O Tchan, Netinho e outros. Pela primeira vez na história da música brasileira quebra-se a hegemonia São Paulo-Rio.

1990 – (o presidente Fernando Collor de Mello, eleito pelo povo, lança o terrível Plano Collor, de confisco de poupanças populares)



7 de julho. Morre Cazuza, um dos maiores ídolos pop da atualidade e um dos melhores cantores, compositores e letristas da história da música pop brasileira. Nascido em 4 de abril de 1958, Agenor de Miranda Araujo Neto adotou o apelido Cazuza em homenagem ao avô paterno – em Pernambuco, 'cazuza' significa molequinho. Trabalhou como ator no grupo Asdrubal Trouxe o Trombone, e foi apresentado por Leo Jaime ao grupo Barão Vermelho, que procurava um vocalista. Em 1985, deixou o grupo para seguir uma bem-sucedida carreira-solo. Seus maiores sucessos são "Exagerado", "Codinome Beija-Flor", "Faz Parte do Meu Show", "Bete Balanço", "O Tempo Não Pára", "Ideologia", "Brasil", "Só As Mães São Felizes" e outros mais. Foi o primeiro artista brasileira a tornar público que estava com AIDS.

1990 – (a inflação chega à casa dos 80% por mês)



Em 20 de outubro, começa oficialmente as transmissões da MTV Brasil, importante emissora pop de marca internacional que passa a representar o segmento jovem da música mundial e da música brasileira através de seus consagrados formatos videoclipes. A partir de Março de 1999, a MTV Brasil passaria a dedicar boa parte de sua programação televisiva, principalmente em sua grade das 22h, à música popular brasileira – além do pop-rock – como o pagode, axé music e a tradicional MPB. A partir de 1996, a MTV Brasil instituiria a maior premiação anual de videoclipes no país através do Vídeo Music Brasil.

1992 – (Pedro Collor, irmão do presidente Fernando Collor denuncia o 'esquema PC' de tráfico de influências e irregularidades financeiras)



Com o enfraquecimento e desarticulação do movimento pop-rock brasileiro e internacional do fim dos anos 80, surgem renovadas categorias musicais de forte apelo popular que predominam por toda a década no Brasil – como o dolente samba-pagode, a carnavalesca axé music e a nova música sertaneja de sotaque country americano – nessa ordem. Do pagode destacam-se os grupos Fundo de Quintal (tido como o criador do novo gênero), Raça Negra, Só Pra Contrariar, Art Popular, Katinguele, Negritude Jr. e centenas de outros. Da axé music, os mencionados no verbete aqui citado de 1985. Da nova música sertaneja, Chitãozinho & Xororó, Zezé Di Camargo e Luciano, Leandro e Leonardo, Daniel, Sandy & Junior, Gian & Giovanni, Christian & Ralf, e outros.

1993 – (plebiscito mantém o sistema de regime republicano e presidencialista)



O formato CD começa a suplantar o vinil em vendas. O ainda grande mercado de fitas cassetes existente no país é praticamente de controle total da pirataria. A partir de 1997, a produção de vinil é extinta, com as matrizes produtoras do velho formato sendo vendidas a outros países como à Argentina e Inglaterra. Por essa época, o Brasil começa a enfrentar uma forte e muito bem estruturada pirataria de CDs, vinda principalmente da Ásia e Paraguai, até então ignorada no país.

1993 – (Fernando Collor é afastado da presidência por impeachment e Itamar Franco assume interinamente)



Surge uma nova geração de bandas de rock dos anos 90 como o Pato Fu, Skank, Raimundos, O Rappa, Jota Quest, o polêmico Planet Hemp, o grupo soul Fat Family, a dupla carioca Claudinho & Buchecha e demais. Há espaço para ritmos africanos, latinos e jamaicanos – como o reggae e o ska, que dão a base para grupos como Cidade Negra, Tribo de Jah, ex-Nativus e outros.

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